Sistemas de puxar e empurrar a Produção

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As formas de atender à demanda podem-se dividir em dois contextos básicos. O primeiro contexto básico pressupõe basear as decisões do que produzir para um determinado período com base na previsão de vendas elaborada, independentemente da demanda real, ou seja, empurra-se a produção até o depósito de produtos acabados e tem-se a expectativa de que o mercado compre uma quantidade próxima daquela prevista.

 

Esse tipo de modelo prevaleceu como parâmetro para balizar as decisões do que, quanto e quando produzir até que o Japão, logo após a guerra, quando começou a querer ser competitivo como nação manufatureira, então, percebeu-se que gerar produtos não associados à venda implicava altos custos de estoques, ocupação de espaço e uso dos recursos de forma ineficiente, parâmetros que, para esse país, implicavam usar espaços caríssimos, ter de, muitas vezes, replicar a compra de recursos vindos do exterior, impactando, negativamente na competitividade de sua indústria. Dessa forma, a Toyota estudou meios pelos quais a produção poderia ser puxada, ou seja, alinhada com a demanda e disparada conforme a necessidade do mercado.

Partindo-se da base no final da década de 50, foi criado o primeiro instrumento para apoiar a gestão da produção empurrada, apoiado no computador, cujo objetivo básico era o de auxiliar no cálculo das necessidades de material com base na previsão de vendas. Em seguida, Orlicky conceituou o modelo de planejamento denominado closed loop, ou ciclo fechado, que deu origem aos sistemas de gerenciamento integrado da produção, denominados MRP’s, sucedidos hoje pelos tão conhecidos ERP’s. Nessa fase, além de serem calculadas as necessidades de material, eram concatenados os tempos de reposição dos itens em cada estágio da produção, tendo, como impacto positivo, o disparo da produção em um momento mais próximo da necessidade de uso do item em questão, fazendo com que fossem reduzidos, de forma significativa, os estoques em processo. Contudo, tudo ainda baseado na previsão de vendas.

Esse modelo, que foi adotado, principalmente, pelas empresas americanas em uma época de demanda saturada e franco crescimento do consumo em massa, associado ao plano de desenvolvimento nacional no pós-guerra, auxiliou a indústria a aumentar o fluxo de entrega de produtos para um mercado comprador, em que a previsão poderia ser usada como um instrumento eficiente de planejamento e programação. Em contrapartida, os japoneses tentavam dominar as práticas de gestão da qualidade para se tornarem competitivos e buscavam meios para eliminar os entraves no processo produtivo para tentar alinhar a produção com a demanda. Surgiu então a filosofia do JIT (just-in-time), ou seja, entrega a tempo, inicialmente na Toyota, a qual é hoje uma variável que entra em qualquer função econômica de produção.

Assim surgiu o primeiro modelo de gestão para puxar a produção, que se concentrava na eliminação dos elementos que causam perdas no processo produtivo e focava a viabilização do alinhamento da produção com a demanda.

Os dois modelos foram paradoxais durante muito tempo, pois um baseia-se no uso intensivo de tecnologia da informação – o MRP –, e o outro – o JIT –, em soluções e sistemas simples, normalmente manuais, com alto uso da comunicação visual e com o envolvimento de todos no processo de gestão. Na medida em que a tecnologia da informação se desenvolvia com maior velocidade de processamento e sistemas menores, além de novas formas de apontamento automatizado da produção, as duas filosofias de gestão puderam se aproximar e ser aplicadas de forma integrada, buscando sincronizar a produção conforme as características de cada item.

No início da década de 80, surgiu um outro modelo de gestão visando puxar a produção, baseado na teoria das restrições, ou TOC (theory of constraints), elaborada por Goldratt, em que se busca sincronizar a demanda com a produção baseando-se nos gargalos, nos recursos físicos ou nas máquinas que saturam sua capacidade em função da demanda dos fluxos produtivos. Portanto, limita-se a produzir as quantidades que efetivamente podem ser absorvidas pelos gargalos e tenta-se aumentar a capacidade destes para que não sejam restrições à demanda. O foco de Goldratt é que a empresa deve ganhar dinheiro hoje e sempre. Posto esse objetivo, a empresa deve utilizar essa técnica heurística para maximizar o throughput (fluxo de materiais) passando pela fábrica e efetivamente vendidos, e minimizar o inventory (inventário) e as operating expenses (despesas operacionais).

19 pensamentos sobre “Sistemas de puxar e empurrar a Produção

  1. Muito interessante esse sistema e melhor ainda por saber que oferece muitos benefícios, um deles produzir transferências de estoque entre armazéns. Empurrar para o próximo estagio de produção sem importar se a peça é necessária, puxar utilizada pelo kanban só vai para o próximo estagio se necessário.

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  2. com o sistema de puxar e empurrar pode nos trazer muitos previlegios principalmente no nivel de entregas.temos que trabalhar em conjunto com os operarios de outra funçao para tudo dar certo mas tambem se um falha atrasa tudo

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  3. Muito Interessante esse artigo, pois podemos ver que é preciso analisar a quantidade certa como o momento certo para trabalhar nesse sistema, analisando sempre o fluxo de pedidos do momento evitando estoque parado ou seja ” dinheiro parado “, procurando sempre satisfazer o cliente.

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  4. Muito interessante o artigo, e pude observar que para cada tipo de mercado, faz-se uma estratégia para que a demandas seja atendidas, sendo ela puxada ou mesmo empurrada. E para que a a mesma funcione, pode-se fazer o uso de algumas ferramentas como o MRP , o JIT(na hora certa e na quantidade certa) e a da TOC.
    Puxada, caso a empresa preste serviços ( Caldeiraria, corte a laser, dobra , corte de peças, por exemplo), produza variados tipos de produtos , com características fisicas diferentes, ou mesmo em sua composição, ou seja, produzindo de acordo com a demanda real.
    E empurrada, caso a empresa atenda sempre os mesmos clientes, ou produza apenas um tipo de produto, sabendo que se ele produzir determinado produto, o mesmo não irá permanecer no estoque por muito tempo, produzindo assim de acordo com a previsão.

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  5. Interessante de que o chamado fluxo contínuo de produção também não tem importância neste modelo de produção, uma vez que a produção ocorre isoladamente em cada unidade fabril utilizada no processo. Na mesma forma, é enviada uma ordem de produção ao setor responsável, que produz os itens e depois os “empurra” para a próxima etapa do processo produtivo, daí o nome “produção empurrada”. O controle do que deve ser produzido, qual quantidade e em que momento é realizado.

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  6. Esse tema é um grande desafio para nós profissionais da logística, pois temos que nos atentar para calcular a melhor maneira para satisfazer as necessidades dos clientes no tempo certo e com os melhores métodos. Adotar um sistema puxado necessita de muita organização e eficiência na troca de informações de setores da empresa, pois é essa comunicação que vai impulsionar o desenvolvimento de toda essa operação. .

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  7. Observei que os sistemas de puxar e empurrar são as alternativas para o modo de produção das empresas. Sabendo que elas se baseiam na demanda do consumidor, criar esses sistemas de produção, foi, portanto a maneira de entregar o produto no tempo desejável de cada cliente. Sabendo que existe diferenças claras entre uma produção do setor alimentício para o automotivo (por exemplo), e que a apreciação da espera para que seja recebido o produto é totalmente diferente, o consumidor já tem em mente a necessidade que tem diante de cada produto, e usando como referencia os alimentos, os clientes não estão dispostos a esperar para a obtenção do mesmo, pelo contrário, querem na hora e não é a toa que as empresas ligadas a esse ramo estão repondo os seus estoques a todo vapor e o tempo todo, por isso as unidades fabril devem manter sempre o fluxo de produção constantes. E essa relação implica no ganho empresarial, pois se você não tem e o seu concorrente sim, é claro que irão consumir o da concorrência. Portanto antes de se iniciar qualquer projeto empresarial deve-se sempre estar ligado à necessidade que o seu produto vai gerar no consumidor, se situar diante do lead time, e aplicar o sistema correto, a fim de gerar lucros constantes e a satisfação da demanda consumista.

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    • Olá Aline,

      Uma coisa interessante sobre o sistema de puxar ou empurrar, é quem escolhe o sistema é o mercado e não a empresa. Por exemplo, quem produz caderno, tem que produzir estoques, pois não sabe a hora que o mercado irá consumir. Apesar desta empresa trabalhar com o sistema empurrado, ele pode ter na sua produção ferramentas do JIT, tais como: kanban, 5S, troca rápida de ferramenta, etc.

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  8. Bom artigo, pois nos mostra as diferenças entre os dois tipos, a produção empurada poderemos utilizar muito em industrias de bebidas e alimentos, pois praticamente tudo que e produzido e absorvido pelo mercado,ja na produção puxada o inicio se da devido a demanda dos clientes, exemplo industria automotiva, pois se a um infinito numero de itens que podem ser colocados para se diferenciar um veiculo de outro.

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  9. Ao ler parece ser muito simples, mas quando passamos a entender sobre o assunto, percebemos que apesar de simples os sistemas necessitam de programação, organização e acompanhamento; muito legal esse artigo no qual as explicações deixaram bem claras as diferenças entre um e outro, também a linguagem fácil para compreensão.

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  10. Gostei muito,pois está explicado bem a diferença entre cada um dos sistemas de forma bem clara, mostrando que não há ( entre os dois sistemas) o melhor, o mais correto, e sim o sistema que poderá ser melhor aplicado na sua empresa de acordo com as características dela.

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    • Olá Felipe,

      Entender como os sistemas se comportam pode nos ajudar a estabelecer estratégias logísticas e mais claras. Por meio deste entendimento, a empresa pode reduzir os custos operacionais e aumentar o nível de entrega ao cliente.

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